segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O pacto - Parte 2


No sábado, a igreja estava organizada magnificamente. Tudo havia sido arrumado seguindo rigorosamente as ordens de Mya Vermilionfey. Os brasões das famílias Paleeve e Vermilionfey enfeitavam a parede, e no caminho do altar foi colocado um carpete vermelho de seda com correntes de rosas nas laterais. O casamento estava marcado para as seis horas da tarde. A cidade inteira fora convidada.
Chegada a hora, todos já haviam tomado seus devidos lugares e admiravam a decoração. Kenzie estava deslumbrante, todo de preto.
Perto dali, estava Alannah em sua casa, sem coragem de sair, tentando tomar uma decisão: esquecer Kenzie – algo que sabia ser impossível – ou cometer o suicídio de tentar impedir o casamento.
O sol já tinha ido embora, poucos lampiões iluminavam o lado de fora da igreja, e dentro havia algumas velas clareando o ambiente. Após o sino da igreja completar as seis badaladas, a carruagem de Mya apareceu. O cocheiro abriu a porta e ela desceu suntuosamente. Seu vestido era belíssimo; a parte de cima definia suas curvas, seguida de uma volumosa saia com uma cauda de renda. Dando os braços ao pai, encaminhou-se ao carpete vermelho com passos lentos e perfeccionistas. Chegando ao altar, o padre iniciou a cerimônia.
- Estamos aqui hoje reunidos para a união de duas famílias muito importantes: os Paleeve e os Vermilionfey. Ao juramento. – Mya sorriu para Kenzie, que estava com uma falsa expressão de felicidade no rosto. – Mya Vermilionfey, você aceita Kenzie Paleeve como esposo, prometendo amá-lo e respeitá-lo para o resto de sua vida?
- Sim, eu aceito - ela respondeu, mordendo os lábios de alegria.
- E você, Kenzie Paleeve, aceita Mya Vermilionfey como esposa, prometendo amá-la e respeitá-la para o resto de sua vida?
Houve um momento de silêncio. As pessoas ali presentes ficaram ansiosas, talvez temendo a resposta de Kenzie. Ele olhou para todos, com esperança de encontrar Alannah e descobrir qual era o melhor caminho a rumar. O senhor Malachi fitava-o com um olhar impaciente.
Mya apertou a mão de Kenzie. Ao livrar-se dos pensamentos, quando ia responder, viu-a levando rapidamente a mão ao coração com uma expressão de dor no rosto. Uma exclamação coletiva ecoou entre as paredes sagradas da igreja. O senhor Malachi correu até a filha e tentou ajudá-la, mas não obteve sucesso. Por dentro, ela estava queimando. Era como se alguém estivesse apertando seu coração com as mãos e, ao mesmo tempo, quebrando seus ossos, que perfuravam sua pele, manchando todo o vestido de sangue. Aquela visão, juntamente com seus gritos de dor tão altos e agudos, começaram a fazer mal às pessoas, que saíam desesperadamente do local. Era tudo repentino e inexplicável.
Em meio à gritaria que se excedeu, iniciou-se um vendaval seguido de uma tempestade lá fora. O barulho das árvores crepitando violentamente e a oscilação do fogo das velas eram assustadores. Na porta da igreja, apareceu alguém, e, imediatamente, as velas se apagaram, exceto as do altar e as da porta. O anônimo estava vestido com uma longa capa escura. Parecia uma mulher, por causa dos longos cabelos que esvoaçavam em meio à chuva.
Aqueles que ainda não tinham conseguido sair afastaram-se enquanto a mulher entrava. Ela caminhou até o altar sem tirar os olhos de Mya e só parou quando estava diante dela.
- Juntos para o resto de sua vida... - Sussurrou, soltando um baixo riso de satisfação e lançando o olhar sobre Kenzie.


— thais de moura.

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