sábado, 29 de setembro de 2012

O pacto - Parte 1


Alannah Scarletmay era uma jovem garota, por volta dos vinte e três anos. Tinha cabelos negro-avermelhados e olhos profundamente negros. Órfã de pai e abandonada pela mãe ainda quando criança, ela vivia com uma tia, a humilde e simpática Sally Sovereignsun, uma mulher com seus trinta e poucos anos de pura mocidade e alegria, que sempre contagiava todos ao seu redor com sua simpatia, mesmo que convivesse com a tristeza da recente perda do marido.
Alannah sempre se destacara por sua beleza descomunal. Isso piorava sua condição de excluída da turma das garotas, que a invejavam por sempre ter os garotos aos seus pés. Ela não ligava para eles, desde a infância desejava apenas o amor de uma pessoa: Kenzie Paleeve.
Esse tal Kenzie Paleeve era um garoto de alta estatura, corpo modulado com grandes músculos e uma bela feição, composta de olhos esverdeados e lábios tão avermelhados como a coloração da mais vigorosa maçã existente e seus escuros cabelos quase ondulados que desciam até o ombro. Seu pai era um velho comerciante rabugento e ganancioso que, literalmente, só pensava em dinheiro e sempre fazia planos para enriquecer mais e mais. Kenzie era totalmente apaixonado por Alannah, mas nunca pode demonstrar aquele sentimento tão puro que guardava dentro de si, pois sentia um medo profundo de que seu pai descobrisse e fizesse algum mal a ela; pois se qualquer coisa ameaçasse seus possíveis lucros – no caso, o dote -, o velho faria qualquer coisa para mudar sua situação.
Alannah já fora casada duas vezes, mas seus dois maridos vieram a falecer... Brutalmente. Nunca foram apontados suspeitos. A julgar pela época, as investigações eram materialmente precárias, tendo como ferramentas apenas o cérebro e o olhar. Não foram encontradas provas concretas, apenas evidências que fugiam do normal.Ambos morreram no primeiro dia após o casamento, aparentemente atacados por animais. O que indignava a todos era o fato de não haver nenhum animal naquela região que pudesse fazer tantos estragos. As condições em que foram encontrados os defuntos eram horripilantes: o carpete, as paredes, os móveis... Tudo estava totalmente sujo de sangue. Os corpos estavam divididos em partes, todas espalhadas pelo quarto. Na cama, os troncos sem os membros se deterioravam lentamente, cobertos de profundos cortes e arranhões. E os olhos arregalados pareciam viver, de tanto terror estampado.
Ultimamente, Alannah estava convivendo com a angústia e a agonia. Há alguns dias, descobrira que Kenzie se casaria com Mya Vermilionfey, a mimada filha de Malachi Vermilionfey, dono de muitas terras e “melhor amigo” de Stefan Paleeve, pai de Kenzie. Por não ter muito contato com Kenzie, a não ser pelas poucas cartas trocadas em segredo entre eles, Alannah não tinha certeza se ele havia dito a verdade ao escrever-lhe que nunca sentira nada por Mya e que sempre a amaria.
Nos últimos meses, Kenzie esteve muito próximo de sua noiva. Isso, obviamente, quase deixava Alannah louca, pois ela duvidava que o único desejo dele era de casar-se com ela para construírem uma família juntos.
Os encontros dos dois eram apenas de fachada, pelo menos para ele. Mya sempre fora apaixonada por Kenzie e, naturalmente, odiava Alannah, mesmo não sabendo da paixão que existia entre eles; e, segundo ela, esse casamento estava sendo perfeito para fazer Alannah sentir inveja, pois Kenzie era o homem mais belo e mais querido de toda a vila, e o único que não aparentava jogar charme pra cima dela.



— thais de moura.

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