quarta-feira, 22 de junho de 2011

A casa está cheia de rosas;


 A casa está cheia de rosas, há inúmeras cartas de pêsames espalhadas pela mesa. Lágrimas e palavras tristes saem daqueles que se importam com a situação. A canção da morte emana dos violinos, ajudando a cobrir o salão com soluços silenciosos.
 Ouço pedidos de socorro, mas não os atendo. Sei que estão apenas em minha mente. Talvez seja um pingo de culpa tentando se manifestar.
Não sei como posso ter o sangue tão frio: estou no velório da minha vítima.
 Eu o amei, mas tinha de cumprir meu dever. Eu o prometi amor eterno e o matei. Amar é crime em meu mundo, então eu tinha de me redimir.
 Eu mato aqueles que me são apontados. Se eu não cumprir as ordens, serei expulsa de meu lar; e não desejo ser banida.
 Sou um anjo da morte.
 Quem sabe minha próxima vítima possa ser você.

thais de moura;

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Amantes.

Era um jovem casal. Ambos em torno dos dezessete anos. Eles eram o exemplo vivo do amor. O exemplo de que o amor vence barreiras. Inclusive a distância. Não importava o quão longe fosse. Nada podia separá-los. Até que um dia a incerteza dela levou-o a acabar com o namoro. A mágoa presente no coração dele e o arrependimento estancado no coração dela não passavam. Por eles estarem separados, cada dia parecia uma eternidade. Na realidade, era difícil superar cada hora do dia. Era como se não houvesse mais motivo para viver. Ela tentou convencê-lo de que estava arrependida o máximo possível. E que ele devia perdoá-la. E tentar esquecer tudo aquilo. Mas não era fácil. Mesmo sabendo que a amava, ele não conseguia. Simplesmente não conseguia. Ele tentou preencher o vazio no peito. Ela tentou preencher o vazio no peito. Ambos não puderam. Ele escondeu seu sofrimento. Ela não conseguiu esconder. Aquilo tomava conta de seu corpo. Tinha certeza que o amava. Tinha certeza que o amaria pro resto da vida. Que ele era o amor de sua vida. Ele sabia que a amava. Sabia sim. E sabia que também a amaria pro resto de sua vida. Só não conseguia admitir. Não conseguia se expressar. Passou-se o tempo. Um longo tempo. Um dia, quando eles sentiam menos dor no coração, se encontraram. Encontraram-se sem mais nem menos. Em uma cidadezinha sem sentido. Em um lugar sem sentido. Em uma hora sem sentido. Paralisaram. Olharam-se demoradamente. Até finalmente tomarem coragem de olhar um nos olhos do outro. Olharam. Sentiram o amor voltar. Sentiram o amor invadir cada milímetro de seus corpos. Largaram as coisas na calçada. Correram ao encontro. Abraçaram-se forte. Abraçaram-se muito forte. Ele segurou o rosto dela. Olharam-se nos olhos novamente. Ele a beijou. Ela o beijou. Esqueceram-se de tudo o que havia se passado. Esqueceram-se do mundo a sua volta. E se amaram. Amaram-se até o último dia de suas vidas.


thais de moura;